Moro critica ministro da Previdência por não explicar omissão do governo Lula em fraudes contra aposentados
Durante audiência no Senado, senador paranaense afirma que Wolney Queiroz foi alertado sobre esquema bilionário em 2023, mas não tomou providências

O senador Sergio Moro (União Brasil/PR) criticou a postura do ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (15) na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado. Para o parlamentar, o ministro não esclareceu a omissão do governo federal em relação às denúncias de fraudes e descontos indevidos nas aposentadorias do INSS.
Segundo Moro, o ministro foi alertado ainda em junho de 2023, quando ocupava o cargo de secretário-executivo da pasta, sobre os descontos irregulares nas mensalidades de aposentados e pensionistas, mas nenhuma providência efetiva foi tomada à época.
“Os prejuízos dispararam: foram cerca de R$ 1,3 bilhão em 2023 e, só neste ano, os valores já ultrapassam R$ 2,8 bilhões. O ministro tinha conhecimento disso e nada foi feito”, afirmou o senador.
Durante a audiência, Moro destacou que Wolney Queiroz participou da reunião do Conselho Nacional do INSS em 12 de junho de 2023, onde a conselheira Tonia Galleti alertou publicamente sobre as irregularidades nos descontos. O senador apontou que as ações só ocorreram recentemente, após operações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU).
“Somente após quase dois anos é que houve a suspensão dos descontos. Onde estavam o ministro da Previdência e o secretário-executivo nesse tempo todo?”, questionou.
Outro ponto levantado por Moro foi a falta de explicações sobre o ressarcimento dos aposentados lesados. O parlamentar criticou o fato de o governo estar exigindo que os próprios beneficiários entrem com o pedido de devolução, em vez de assumir essa responsabilidade diretamente com as associações envolvidas nos descontos.
Troca de farpas
Durante a audiência, Moro também rebateu insinuações do ministro, que sugeriu omissão do senador em sua época como ministro da Justiça e Segurança Pública.
“Não aceito esse tipo de insinuação. Em setembro de 2020, eu já não fazia mais parte do governo. Se eu tivesse recebido essa denúncia, como Vossa Excelência recebeu em 2023, teria tomado providências imediatas”, concluiu.
A audiência terminou sem que o ministro apresentasse soluções concretas para os aposentados prejudicados nem prazos para a restituição dos valores indevidamente cobrados.