Astronautas da NASA retornam à Terra após 286 dias no espaço em meio a polêmica política
Após 286 dias na Estação Espacial Internacional (ISS), os astronautas Barry Eugene Wilmore, 62, e Sunita Williams, 59, retornaram à Terra nesta terça-feira (18). Inicialmente planejada para durar apenas oito dias, a missão se estendeu por mais de 9 meses

A cápsula Crew Dragon Freedom, da missão Crew-9, desacoplou da ISS na madrugada de terça-feira e, após cerca de 45 minutos desde o acionamento dos propulsores, realizou uma amerissagem no Golfo do México às 18h57 (horário de Brasília). A tripulação foi resgatada por uma embarcação da SpaceX, encerrando uma jornada que, além dos desafios técnicos, se tornou alvo de controvérsia política.
Problemas técnicos e mudança de espaçonave
Wilmore e Williams iniciaram sua missão a bordo da cápsula Starliner da Boeing, que fazia seu primeiro voo tripulado no âmbito do programa comercial da NASA. No entanto, a presença de falhas nos propulsores auxiliares e vazamentos de hélio levou a agência espacial americana a adotar uma abordagem cautelosa, estendendo a permanência dos astronautas na ISS enquanto investigava os problemas e testava possíveis soluções em solo.
Apesar de a Boeing considerar seguro o retorno com a Starliner, a NASA optou por transferir os astronautas para a missão Crew-9 da SpaceX, cuja cápsula Crew Dragon já havia sido testada. Assim, Wilmore e Williams foram incorporados à Expedição 72 da ISS até que um retorno seguro fosse viável.
Politização e polêmica
O prolongamento da missão gerou especulações e se tornou alvo de declarações políticas. O empresário Elon Musk e o ex-presidente dos EUA Donald Trump sugeriram que os astronautas haviam sido "abandonados" no espaço por razões políticas. Musk afirmou que Trump o instruiu a trazer a dupla de volta "o mais rápido possível", enquanto o ex-presidente declarou que eles foram "virtualmente abandonados" pela administração de Joe Biden.
Na coletiva de imprensa antes do retorno, Wilmore negou que a decisão de prolongar a missão tenha sido política, reforçando que a NASA tomou a decisão baseada em critérios técnicos e na segurança da tripulação. Embora Musk tenha alegado que ofereceu um voo extra para antecipar o retorno, a agência não considerou essa opção viável devido a custos elevados e à necessidade de manter a programação regular da ISS.
Conclusão
O retorno de Wilmore e Williams marca o encerramento de uma missão que, apesar de prolongada, não comprometeu a segurança dos astronautas nem interrompeu a rotina da ISS. No entanto, a politização do episódio evidencia um novo cenário em que decisões técnicas da NASA passam a ser interpretadas sob uma ótica política, gerando debates além do campo científico.
A bem-sucedida missão da Crew-9 reforça a importância do programa comercial da NASA, que visa diversificar o transporte espacial. Enquanto a SpaceX consolida sua posição como fornecedora confiável, a Boeing ainda enfrenta desafios para validar sua cápsula Starliner como uma alternativa segura para futuras missões.