Operação interdita unidades de "O Solucionador" por suspeita de golpes com renegociação de dívidas; sócio está foragido
Empresa é investigada por orientar clientes a esconder bens e não pagar boletos; escritórios em Curitiba foram fechados e unidade de Maringá pode ser alvo da próxima fase

Na manhã desta segunda-feira (12), a Polícia Civil do Paraná (PC-PR) deflagrou uma operação que resultou na interdição judicial de duas lojas da empresa "O Solucionador", localizadas no Centro e no bairro Sítio Cercado, em Curitiba. A empresa, que atua com serviços de renegociação de dívidas bancárias, está sendo investigada por supostamente aplicar golpes financeiros em consumidores.
Durante a ação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva contra o sócio-proprietário, Guilherme Maes Cardoso Leme, que não foi localizado e é considerado foragido. A operação foi conduzida pela Delegacia de Crimes Contra a Economia e Proteção ao Consumidor (Delcon) e pelo Procon de São José dos Pinhais.
Segundo o delegado Cássio Conceição, a empresa é suspeita de enganar clientes com propagandas enganosas, prometendo reduções de juros e valores de parcelas de financiamentos, principalmente de veículos. No entanto, após contratar os serviços, os consumidores eram orientados a deixar de pagar os boletos bancários e até a esconder os bens financiados, como carros, dos bancos e da Justiça.
“O serviço prometido não era entregue, e muitos clientes acabavam ainda mais endividados. Já ouvimos 56 vítimas e diversos ex-funcionários. Solicitamos à Justiça a interdição das lojas, a apreensão de documentos e a prisão do proprietário, diante da continuidade da prática criminosa”, afirmou o delegado.
A empresa também possui uma unidade em Maringá, que, segundo apurado, pode entrar na mira da investigação em fases futuras da operação.
De acordo com levantamento da RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, mais de 300 processos administrativos tramitam em Procons contra lojas da rede “O Solucionador”. Além disso, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) registra mais de 6 mil ações judiciais em andamento relacionadas à marca.
Investigação revela reincidência e amplia cerco contra empresa em várias cidades do Paraná
As investigações contra a rede "O Solucionador" começaram após uma série de denúncias registradas no Procon de São José dos Pinhais, ainda em 2023. Na ocasião, uma primeira operação resultou na interdição temporária das atividades da empresa por 30 dias. No entanto, com uma decisão judicial favorável, a empresa retomou o funcionamento e, segundo as autoridades, manteve os mesmos métodos irregulares de atuação.
Com a nova operação deflagrada nesta segunda-feira (12), o Procon anunciou novas penalidades contra a empresa, que mantém unidades em diversas cidades paranaenses, incluindo Curitiba, Maringá, Londrina, Guarapuava, Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo.
Segundo o superintendente do Procon de São José dos Pinhais, Jaiderson Rivarola, além da nova interdição das lojas, serão aplicadas multas severas e medidas para coibir a continuidade das atividades:
“Vamos aplicar uma multa superior a R$ 306 mil, interditar e suspender as atividades da empresa, além de comunicar plataformas digitais como Google e Meta para que interrompam a divulgação de anúncios nas redes sociais. Também notificaremos emissoras de rádio e TV para que deixem de veicular propagandas da empresa”, afirmou Rivarola.
A operação pretende desarticular completamente o esquema, impedir a captação de novos clientes e responsabilizar judicialmente os envolvidos. A empresa é alvo de mais de 6 mil processos judiciais no Tribunal de Justiça do Paraná e enfrenta centenas de reclamações em Procons de todo o estado, conforme levantado pela imprensa.